quarta-feira, 17 de março de 2010

Um experimento socialista

Comentários sobre um suposto experimento socialista circulam em mensagens e também pode ser encontrado em várias páginas da web.

O texto original, a partir do qual alguém elaborou as conclusões de pesquisa inexistente, é de autoria de Adrian Rogers.
Diferentemente do que diz o texto, ele não era economista nem jamais realizou o suposto experimento, além de não ter sido professor da universidade Texas Tech.

A última frase da mensagem sugere que o tal experimento teria sido realizado em 1931.
Não é verdade, pois esse foi o ano de nascimento de Mr. Adrian Rogers. Por mais brilhante que tenha sido a sua mente ele não poderia ter escrito qualquer coisa com menos de um ano de idade.

Eis o conteúdo da mensagem:

"Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca repetiu um só aluno antes, mas tinha, uma vez, repetido uma classe inteira.
Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo'.

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas em testes".
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e, portanto seriam 'justas'.
Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém repetiria. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um A...

Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam Bs. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média dos testes foi D.
Ninguém gostou.

Depois do terceiro teste, a média geral foi um F.

As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram...
Para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.
Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."
Para reflexão...

O pensamento abaixo foi escrito em 1931.
"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931"

Mensagem enviada por Lucia de Fátima Miranda em 15/03/2010.

Apesar das deturpações das informações, consideremos o conteúdo da mensagem.
Não há dúvida que ela é oportuna, principalmente em ano de eleições, como este. Alguém lembrou dela, guardada lá no fundo da sua caixa de entrada e mandou bala.
O pensamento nos leva à associação imediata com o Programa Bolsa Família, criado pelo governo Lula.
E pode ser que tudo isso leve o leitor à revolta... que é o objetivo final do emissor.
Mas é claro que o efeito no leitor receptor dependerá de uma série de fatores: nível social, nível cultural, educação, capacidade de raciocínio, ponderação, ideologias, etc., etc., etc..

A verdade é que, se a mensagem (não me refiro a essa especificamente, mas qualquer uma) atingir um miolo-mole, vai convencê-lo facilmente.
Como acredita-se que o público internauta seja composto por uma minoria de miolos-moles, eu particularmente acredito que esse tipo de mensagem, enviada por e-mail, não tenha o poder de mudar intenções de voto numa eleição, significativamente.

O grande problema (agora sim refiro-me a essa mensagem) está na sua origem, ou melhor, no seu criador: Adrian Rogers.

Quer saber quem foi Adrian Rogers?

Adrian Pierce Rogers, Th.D, foi um bem sucedido pastor evangelista norte-americano, nascido na Flórida em 1931, como já foi dito. Faleceu em novembro de 2005.

De 1972 até sua morte, atuou na Igreja Batista de Bellevue em Memphis e durante esse período fez com que o número de fiéis subisse de 7.000 para 30.000.

A receita e os dízimos, evidentemente, subiram na mesma proporção. Em 1989, a igreja se instalou em um conjunto de prédios avaliado em mais de 80 milhões de dólares. Um dos auditórios comporta sete mil fiéis. Sua igreja, a neo-evangélica Convenção Batista do Sul, possui mais de 16 milhões de membros em todo mundo.

O pastor é descrito como excelente orador e possuidor de domínio completo do púlpito e dos corações e mentes dos seguidores. Era uma das mais reluzentes estrelas do conservadorismo religioso de direita nos Estados Unidos.

Pelos vídeos existentes no Youtube.com percebe-se que ele era bem-falante. Gestos estudados, sempre elegante e bem vestido, ternos bem cortados e gravatas bonitas (como vários outros que nós conhecemos muito bem). Exemplo perfeito do self made man, categoria pastor eletrônico.

A mensagem em questão foi criada por ele e fez parte de seus sermões por longo tempo.

Ora, poderia alguém com esse perfil apoiar algum ato socialista?

Quanto ao experimento que jamais existiu: será que ele não deu certo porque a turma começou a se comportar como um núcleo socialista ou porque cada um dos participantes tinha em mente tirar o máximo proveito possível dos demais colegas de classe?

Fonte: http://www.quatrocantos.com

Leia também neste blog:
Picaretagem eclesiástica

1 comentários:

Anônimo disse...

Mó golpe q estão reacendendo no facebook.

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