segunda-feira, 26 de julho de 2010

Comportamento animal

Por Gustavo Campelo www.gustavocampelo.com.br

Quem nunca tentou decifrar o que nossos melhores amigos estão pensando ou tentando nos dizer?
As pessoas que gostam e convivem com animais sempre tiveram esse sonho de conseguir entender tudo sobre a linguagem dos animais.

Entretanto, paradoxalmente, é justamente por essa tentativa de entender a linguagem canina que acabam acontecendo a maioria dos problemas de relacionamento entre cães e seus proprietários.

Há anos que trabalho dando consultoria para solucionar supostos problemas de comportamento em animais de estimação. E adivinhe qual é o problema mais comum que encontro nas residências com animais? Uma comunicação falha, ou a falta dela, entre homem e animal.

E qual a razão para que isso aconteça? A resposta é muito simples: Nós, humanos, temos a tendência natural de tratar qualquer outra espécie de estimação como se fossem nossos bebês humanos. Claro. A única linguagem que conhecemos e que estamos aprendendo desde o nosso primeiro dia de vida é a linguagem humana. O problema é que o contrário também acontece. Os cães também conhecem uma única forma de se comunicar: a linguagem canina. É a linguagem natural para eles.

Brinco sempre que minha função é ser intérprete. Ensinar um pouco de “cachorrês” aos humanos e um pouco de “humanês” aos cães. É dessa maneira que consigo levar harmonia e entendimento para ambos.

Tudo deve ser feito da maneira mais natural e prazerosa possível. Quando estamos aprendendo uma nova língua, primeiro começamos a identificar algumas palavras, depois algumas frases. Aí, com um pouco de timidez nos arriscamos a repetir palavras e até mesmo frases mais complexas. E aos poucos nos tornamos cada vez mais a vontade com nossa segunda língua, até que ficamos fluentes.

Apenas para exemplificar, imagine a seguinte situação: Um bebê (humano) dormindo tranquilamente em seu berço. De repente, um barulho muito alto de fogos de artifício. O bebê se sente amedrontado com o som estridente e começa a chorar. O natural de qualquer mãe é pegar o bebê no colo e ninar até que o bebê se acalme e volte a dormir. Problema resolvido. O que acontece nesse caso é que o bebê se sentiu desconfortável com a situação e tudo o que ele precisava era conforto e segurança e conseguiu no momento em que viu, ouviu e sentiu a mãe.

Agora vamos imaginar uma situação semelhante, porém com um cachorro(de qualquer raça e idade). Quando o cão se assusta com os fogos a nossa reação humana natural é nos aproximar, dar carinho e falar baixinho. Exatamente como faríamos com nosso bebê. Esperamos que nosso cão responda como respondeu o bebê. Mas isso não acontece. Ao contrário, o cão apenas piora. E a cada vez que soltam mais fogos, mais o coitado do animal sente medo, até treme. O que aconteceu de errado? Comunicação!

O cão, assim como nosso bebê, precisava de conforto e segurança. Porém o conforto e a segurança que o cão precisava não era o carinho ou atenção. Carinho e atenção apenas mostraram ao cão que ele estava agindo da maneira correta. Ou seja, na interpretação canina significou “Muito bem! Fique com medo, pois os fogos são realmente perigosos!”. O cão apenas precisava saber que seu proprietário estava tranqüilo. Que o seu líder não identificou nenhuma ameaça nos fogos, e que aquilo não representa perigo algum para o grupo, portanto, ele também não deveria ficar com medo. Simples, não? É assim que funciona o código de conduta canino. Sim, os cães possuem um código de conduta e são bem organizados. Mas falaremos sobre isso no nosso próximo encontro.

Até mais!

Gustavo Campelo
é especialista em comportamento animal e palestrante.
É diretor da empresa que leva seu nome,
especializada em educação e socialização de pets.

Extraído do portal Conexão Pet - http://www.conexaopet.com.br

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