Como lidar com a falta de educação

Ser ou não ser educado pode ser considerado uma questão de opinião.

Porque não existe alguém totalmente mal ou bem educado, o que existe é um conjunto de ações e experiências que fazem as pessoas terem diferentes reações perante uma situação.

Eu, por exemplo, quase diariamente presencio na linha verde do metrô (não que seja exclusividade dessa linha, mas é a que eu uso para ir e voltar ao trabalho) pessoas que se utilizam dos assentos preferenciais azuis, mesmo na presença de idosos e gestantes, com toda a naturalidade.

Na maioria das vezes são jovens (mas nem sempre), que se utilizam de duas táticas interessantes para justificarem a sua indiferença com quem, normalmente está à sua frente e deveria estar sentado no banco azul.

A primeira tática e a mais usada é a simulação de sonolência: o sujeito fecha os olhos e finge estar dormindo. Alguns até levam a mão sobre os olhos, cobrindo-os. Dessa forma, "não podem ver" o idoso que está em pé e podem seguir viagem tranquilamente. O interessante é que esses "dorminhocos" sempre "acordam" segundos antes do seu destino.

A segunda tática é a da leitura do jornal (aquele distribuído gratuitamente na entrada da estação). O cara-de-pau levanta o noticiário até a altura dos olhos, cobrindo o rosto totalmente e se isola do mundo. Pode explodir o mundo à sua volta que ele não vê nem ouve, mergulhado num profundo "estado alfa".

Pois é, meu amigo, aqui em São Paulo é assim... por isso é que essa postagem está classificada na seção "Orgulho de ser brasileiro". Se você ainda não percebeu, eu não criei essa seção por orgulho de ser, mas por vergonha.

Já estive em outros países e tenho amigos que já estiveram em tantos outros... e nenhum povo é tão mal-educado e individualista quanto o nosso!

Sem falar no prazer em apreciar ou se aproveitar da desgraça alheia (lembre do caso Isabela ou sequestro de Santo André, com transmissão ao vivo do cativeiro e do roubo de donativos para Santa Catarina), levar vantagem em tudo, criticar o governo e políticos sempre... até conseguir uma boquinha e se tornar corrupto como eles...

Mas voltando a falar sobre a falta de educação... esse ato de não se levantar ou de ignorar a presença de alguém que deveria estar no banco preferencial pode ser considerado falta de educação?

Muitos dirão que sim, mas como cobrar uma atitude de alguém que ignora estas regras implícitas de convívio?

O ser humano aprende muito por assimilação: ele não precisa ficar em pé em cima de uma bola para saber que vai cair. Mas, acredite, muitos precisam!

Pois é... somos diferentes e lidar com essas diferenças faz do ser humano um guerreiro diário. Assumir que existem pessoas sem educação, ou melhor, sem bons exemplos de educação é o primeiro passo para uma vida mais plena e para se tornar um cidadão atuante neste quesito.

Existem formas diferentes de ir para a guerra e não precisa estar armado com palavras grosseiras, atitudes ríspidas e mal humor para combater a falta de educação.

É melhor combatê-la com a velha e boa terapia inversa.

Seja educado com a pessoa mal-educada.

Como ela carece de bons exemplos, ofereça isso a ela, mesmo que o retorno não seja imediato ou nem venha.

Pratique a cidadania diariamente, não se deixe abater por situações tristes, como por exemplo a falta de consideração com um idoso, uma gestante ou um portador de necessidade especial.

Quando encontrar um mal-educado por aí, sentado num banco reservado do metrô ou do ônibus, estacionando numa vaga exclusiva para deficientes ou idosos, entrando no elevador antes das pessoas saírem, parando em fila dupla na porta da escola ou até aqueles colegas de trabalho que insistem em não dar "bom dia", faça como eu: mostre a ele o aviso, peça licença, diga "bom dia" bem alto... se cada educado sensibilizar um mal-educado por dia, quem sabe um dia ainda sentiremos "orgulho de ser brasileiro".