Tenho recebido por dia, em média, 20 e-mails que falam sobre fraude eleitoral, golpes comunistas, voto impresso nas urnas, retorno emocionante de Aécio Neves ao senado com direito a bandinha, enriquecimento ilícito de Lulinha, sovietização do Brasil, revolta de Arnaldo Jabor, passeata pró-Aécio na Avenida Paulista, vídeos explicativos da revista Veja sobre o motivo da derrota do PSDB, etc, etc, etc...
Você, que perde todo dia parte do seu tempo lendo e repassando esses e-mails preconceituosos, rancorosos e inconformistas, não acha que está na hora de repensar suas atitudes?
Tudo bem, inconformismo é aceitável, não somos obrigados a aceitar aquilo que não queremos.
O que não são aceitáveis são o exagero, a ofensa, a xenofobia.
Primeiro, vamos para a quebra dos mitos:
uma das primeiras ações raivosas dos eleitores de Aécio Neves, ao perceberem que a adversária seria reeleita, foi culpar o eleitor nordestino e/ou beneficiário de programas de transferência de renda do governo federal.
Pois bem: o jornal O Estado de São Paulo no dia 28 de outubro desfez o factoide ao mostrar o resultado pulverizado de Dilma, que não teve menos de 40% dos votos em nenhuma região do país.
Além disso, os que culparam o Nordeste pela vitória petista, parecem não ter enxergado que dos quatro estados do Sudeste, dois não escolheram Aécio.
A Folha de São Paulo de segunda, 3 de novembro, é ainda mais clara ao trazer a informação de que a presidente cresceu em votação (comparando-se o primeiro e o segundo turno) justamente naqueles municípios que abrigam menos beneficiários do Bolsa Família.
Dos 11,2 milhões de votos a mais que Dilma teve na etapa final, 7,3 milhões vieram das cidades onde o programa beneficia menos de 25% da população.
Melhor seria para todos os opositores virarem de vez a página e partirem para uma atuação mais genuína, coisa que nunca fizeram.
Ampliar investigações sim!
Pedir recontagem de votos não!
Argumentar contra projetos do Executivo sim!
Ir às ruas de arma na cintura pedir intervenção militar, definitivamente não!
Temos um sistema político corrupto, que é apenas o resultado de um sistema privado corruptor.
Temos de dar um salto evolutivo entendendo que só se resolve o efeito se for atacada a causa.
Assim, é hora de parar de reclamar e começar a ser referência daquilo que queremos (ou dizemos querer) ver na política.
Como disse Gandhi: Seja o melhor conselho que você pode dar a alguém.
É hora de "tirar a bunda da cadeira", de sair da zona de conforto, de começar a construir a próxima eleição.
Não esqueça que a política é reflexo da sociedade corrupta e alienada que somos, que espera que algum candidato venha nos salvar de nós mesmos.
Já passou da hora de termos uma oposição eficiente, diferente dessa que está aí, que tem apresentado dificuldades em articular posições políticas, carece de um programa econômico e político alternativo para o país e tem atuado de maneira tímida diante do desempenho da administração da presidente Dilma Rousseff.
Segundo o cientista político e professor do Insper Humberto Dantas (veja link abaixo), "O fisiologismo e as estratégias de curto prazo se sobrepõem à lógica de oposição. Os partidos efetivamente estão negociando as suas posições com o governo federal e esperando que uma catástrofe ocorra para tomar o poder novamente.".
Segundo o cientista político e professor do Insper Humberto Dantas (veja link abaixo), "O fisiologismo e as estratégias de curto prazo se sobrepõem à lógica de oposição. Os partidos efetivamente estão negociando as suas posições com o governo federal e esperando que uma catástrofe ocorra para tomar o poder novamente.".
Texto baseado no editorial do Jornal Metrô News/São Paulo de 04/11/2014.
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